*Rogério
Silva
Poucos meses depois que cheguei a Minas Gerais fui
convidado para um fórum de discussão sobre jornalismo numa faculdade de
Uberlândia. As coisas por aqui são um pouco diferentes do que vivi na Bahia.
Por 16 anos atuei numa afiliada Globo. Fiz de tudo um pouco. Entrei como
estagiário de apuração, logo fui contratado como produtor e pauteiro. Fui
promovido a chefe de reportagem e chefe de redação, cargo que ocupei até a
minha saída.
Geograficamente falando, é estranho imaginar que estados
vizinhos sejam tão distintos. Mas sob análise cultural, a distância é enorme.
Não só do ponto de vista intelectual, mas falo de hábitos e costumes. A crença
nas informações é muito maior no Nordeste. Aqui, tudo é visto com desconfiança.
Pois bem, naquele fórum, fui interpelado por vários
estudantes de comunicação sobre o que o mercado espera dos futuros
profissionais. Vários deles tinham a expectativa de, com o diploma debaixo do
braço, ingressar imediatamente numa emissora de tv ou redação de impresso.
Em vez de inventar respostas, decidi falar um pouco da
minha experiência. Não que eu seja exemplo de profissional bem sucedido no
meio, longe disso. Mas acredito que, de alguma maneira, o que vivi pudesse
servir de inspiração para alimentar as ambições daqueles olhares curiosos.
Uma das perguntas que fiz à plateia foi sobre quem
pretendia fazer outra graduação além daquela. Isso veio à tona porque naquele
momento eu estava fazendo seleção de pessoal para montar uma nova equipe de
trabalho na afiliada Record que eu acabara de assumir. Citei como exemplos 3
profissionais que ganharam a minha atenção nas entrevistas: Uma era jornalista
e também graduada em letras. Outra era jornalista e também graduada em Direito.
E um terceiro era jornalista com domínio fluente em inglês e francês. Os 3
foram contratados.
A habilidade extra de cada um deles foi útil em momentos
adequados da nossa rotina de trabalho. Numa análise jurídica acerca de uma
reportagem policial, no emprego correto de expressões vocabulares comuns a
qualquer classe social e ainda em entrevistas a autoridades e desportistas
estrangeiros de passagem pelo Triângulo Mineiro.
E a provocação que fiz aos estudantes tem motivo: Aos 33
anos voltei ao banco da faculdade para estudar gestão. De pessoas, processos e
empresas. Tornei-me uma pessoa mais organizada, disciplinada e com foco em
resultados através da busca de soluções. Essas características aplicadas à
comunicação me fizeram enxergar a construção da notícia como uma esteira de
produção industrial, que experimentei e, garanto aos colegas, funciona muito
bem.
Mas sobre isso, falamos na próxima conversa. Até lá.
(*) Rogério Silva tem 41 anos, é jornalista e
administrador de empresas. Tem MBA em Gestão Executiva e Empreendedora, com
extensão em liderança. Desde 2007 dirige as áreas de infraestrutura midiática e
jornalismo da Rádio Educadora Jovem Pan e TV Paranaíba/Record, em Uberlândia,
Minas Gerais - Colunista Semanal do Blog www.administrandohoje.blogspot.com.br