* Petrônio Hipólito
Caros leitores, escrevo sobre um dos assuntos mais comentados
da semana, bastante relacionado com o conceito da responsabilidade social e que
tem tudo a ver com o nosso país.
A Venezuela, nosso vizinho ao norte é a 34ª economia do
planeta (Brasil é a 8ª) e tem as maiores reservas de petróleo do mundo (296
bilhões de barris) e por isso uma importância geopolítica fundamental.
No domingo, dia 14, as urnas confirmaram o favoritismo de
Nicolás Maduro, eleito presidente da Republica Bolivariana da Venezuela, nome
oficial do país, para governar até 2019. Em pleito apertado, ao contrário das
primeiras previsões, o CNE, órgão eleitoral da Venezuela, contou a Maduro cerca
de 250 mil votos (1,8%) a mais que seu opositor Henrique Capriles. O alto
comparecimento às urnas (78%), já que o voto não é obrigatório no país,
evidencia o interesse da população nos destinos da nação. No entanto, a pequena
margem na vitória fortalece a oposição e traz uma enorme instabilidade ao novo
governante. Num país de tradição golpista, Capriles poderá, pela via
democrática, convocar um plebiscito em três anos. Até lá, o novo presidente
terá de contentar aos partidários de Chávez, negociar com a oposição, reativar
a economia e fazer valer a frágil democracia num país tão importante e
estrategicamente colocado no cenário mundial.
Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez que foi um líder carismático,
populista e governou o país por 13 anos até sua morte em 5 de março de 2013,
terá a difícil missão de continuar a revolução bolivariana liderada por seu
antecessor e consolidar os ganhos sociais conquistados como, por exemplo, ter
tirado milhões da linha da pobreza e ser o país que mais reduziu o índice GINI
na década. Isso merece um detalhamento. O índice, criado em 1912 pelo
estatístico italiano Corrado Gini é
uma medida de desigualdade utilizada para avaliar a distribuição de renda nos
países. Este varia de 0 a 1, onde o valor zero
corresponde à igualdade de renda por todos os cidadãos e o valor um significa que somente uma pessoa concentra
toda a renda do país, não sobrando nada para os demais.
Portanto quanto menor o
índice, mais igualitário em termos econômicos é o país. A Venezuela (0,45) tem
menos desigualdades que o Brasil (0,55) e mais que a Noruega (0,26) e Alemanha (0,28).
A canalização dos recursos do petróleo para a diminuição do abismo social na
Venezuela foi a base da popularidade de Chávez e o mote de seu governo. Cabe ao
novo presidente diminuir a dependência e a influência do petróleo na economia, fomentar
o crescimento econômico e os níveis de renda para abaixar ainda mais o índice
GINI e garantir a perenidade dos ganhos sociais conseguidos por Chávez. Penso
que a palavra desenvolvimento se encaixa bem no novo cenário democrático Venezuelano.
Para governar, Maduro terá que criar identidade própria sem se desvincular do
passado, assumindo uma nova liderança
compatível com a grandeza que o destino lhe colocou nas mãos.
Do lado de cá, temos um país com reservas estimadas na camada
pré-sal de 100 bilhões de barris de petróleo que irá arrecadar, quando de seu processamento,
recursos valiosos para promover o crescimento do país, elevar os níveis de
educação, acabar com a miséria e aumentar a renda da população. Cabe aos nossos
governantes assegurar o papel do Brasil como líder continental.
Boa semana a todos e até a próxima terça-feira.
(*)
Petrônio Hipólito tem 54 anos, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP. Especializou-se
em Gestão de Sustentabilidade e em Administração (CEAG) pela FGV. É palestrante
e consultor. Tem sólida experiência em Responsabilidade Social e
Desenvolvimento Sustentável.
Colunista
Semanal do Blog www.administrandohoje.blogspot.com.br
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