*Rogério Silva
O Gabriel Chalita tá
encrencado. Parece que encerra carreira política. Tão jovem. Tão cedo! Leio
detalhes da mácula em sua biografia. Depois de corresponder-se por anos com o
amigo Fábio de Melo – trocaram incontáveis cartas que chegaram a ser gravadas
num disco – e lançar mais de 60 livros, construiu um capital político de 13% do
eleitorado de São Paulo. Teria volume e consistência para bancar um jogo novo,
ocupar ministério e lançar-se como alternativa de renovação em pleitos futuros,
ainda nesta década. Já era!
Tinha grana na jogada.
Propina, dinheiro sujo. Um amigo e ex-assessor – sempre eles! – jogou tudo no
ventilador. Comissões de 25% em
licitações fraudulentas teriam elevado o patrimônio do rapaz em mais de 15 vezes.
Vai ter investigação, disse-me-disse, troca de acusações. Mas o fato é que a
mancha já ficou.
Lendo uma das muitas
reportagens sobre o assunto, encontrei algo que sempre aparece nessas
historinhas. Pode ser fantasia, mas é típico de quem se esbalda na segurança de
sua intimidade. Diz o denunciante ao Ministério Público: “Chalita derramava
notas (de dinheiro) pelo chão do closet. Arrancava as tiras dos maços e jogava
em cima dos assessores, imitando o Silvio Santos. ´Quem quer dinheiro? ’ ”.
Clássico. O peixe que morre
pela boca. Na história da corrupção brasileira, há recorrentes episódios de
ostentação com o produto do crime. Gravações em celular, fotografias, vídeos
que acabam publicados no you tube. Traficante que dá maconha pro filhinho
pequeno, amante que se exibe com as joias que acaba de ganhar, jogador em alta
velocidade com o possante estalando de novo na saída da balada. O que deveria
ser particular torna-se público. Engraçado como nossas atitudes privadas entre
quatro paredes nos envergonham tanto quando vistas pelos outros.
O gerente do banco onde
tenho conta me disse certa vez que essa coisa de sigilo bancário é um mito. Ele
cansa de ver clientes falando ao celular dados que deveriam ser só do
conhecimento deles. Entregam números de conta, palavras secretas e senhas. Em
assinaturas de contrato, são comuns os falatórios sem se importar com quem está
por perto. Nome completo, endereço, CPF, nome da mãe, quanto gasta por mês com
cartão de crédito, talão de luz, o diabo!
Na seara dos corruptos, a
língua coça e é impossível guardar segredo. É preciso compartilhar. Afinal de
contas, para quê dinheiro se eu não posso gastá-lo? Torra tudo! Viagem para o
exterior, carro novo, traslado de helicóptero, enfia a sogra no jatinho do
governo, dança com guardanapo na cabeça em restaurante fino francês… Tum!
Estoura um champanhe. Tum! Mais um. Quando o álcool entra, a verdade sai.
É. Pena que solou.
(*) Rogério Silva
tem 41 anos, é jornalista e administrador de empresas. Tem MBA em Gestão
Executiva e Empreendedora, com extensão em liderança. Desde 2007 dirige as
áreas de infraestrutura midiática e jornalismo da Rádio Educadora Jovem Pan e
TV Paranaíba/Record, em Uberlândia, Minas Gerais - Colunista Semanal
do Blog www.administrandohoje.blogspot.com.br
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