Com o crescente volume de negócios em escala mundial e a imensa
quantidade de produtos transportados diariamente, aumenta também a
quantidade de lixo gerado e de materiais que precisam ser mandados de
volta à sua origem. Esse tráfego de produtos no sentido contrário da
cadeia de produção normal (dos clientes em direção às indústrias)
precisa ser tratado adequadamente, para evitar trabalho e custos extras.
A logística reversa
é a área responsável por este fluxo reverso de produtos, seja qual for o
motivo: reciclagem, reuso, recall, devoluções, etc. A importância deste
processo reside em dois extremos: em um, as regulamentações, que exigem
o tratamento de alguns produtos após seu uso (como as embalagens de
agrotóxicos ou baterias de celulares); na outra ponta, a possibilidade
de agregar valor ao que seria lixo. Veremos mais detalhes ao longo deste
artigo.
Com o aumento das pressões da sociedade para produtos e processos
ecologicamente corretos, a reciclagem ganha força e a logística reversa é
um dos principais motores deste movimento. Além de contribuir
legitimamente para a redução dos impactos ao meio ambiente há um ganho
de imagem para a empresa que o faz. Há exemplos de reciclagem que já são
práticas comuns: latas de alumínio, garrafas pet, papel, dentre outros
itens de pós-consumo.
Há também a reutilização, notadamente com as sobras industriais,
partes de equipamentos e sucatas em geral. No entanto, existe também o
fluxo de produtos do consumidor de volta ao vendedor por iniciativa do
usuário: quando ele não está satisfeito com uma compra, ele devolve o
produto (bastante comum no comércio eletrônico ou erro de escolha do
produto em lojas físicas).
De maneira geral, três fatores estimulam o retorno de produtos: (1)
consciência cada vez maior da população para a necessidade de reciclar e
de se preocupar com o meio ambiente; (2) melhores tecnologias capazes
de reaproveitar componentes e aumentar a reciclagem; (3) questões
legais, quando a legislação obriga que as empresas recolham e dêem
destino apropriado aos produtos após o uso.
Do ponto de vista das empresas, alguns cuidados precisam ser tomados.
Nos locais de armazenagem, faz-se necessário estruturar sistemas
capazes de lidar com estes volumes crescentes (e dificilmente
previsíveis). Além disso, assim como a logística tradicional, a
logística reversa tem como um dos principais componentes os sistemas de
transporte. É necessário que os sistemas de roteamento sejam capazes de
solucionar os complexos problemas de entregas e coletas simultaneamente,
levando em conta, dentre outras restrições, as capacidades dos
caminhões e os intervalos de tempo (este problema é chamado tecnicamente
de pickup and delivery routing problem).
Identificar as melhores estruturas de transporte capazes de recolher
estes produtos, normalmente muito dispersos nos centros de consumo, e
levá-los de volta às fábricas ou centros de tratamento é um grande
desafio que precisa ser corretamente modelado. As práticas neste recente
segmento ainda não estão consolidadas, e há espaço para diversas
inovações.
Portanto, faz-se necessário planejar estrategicamente os sistemas
internos (gerenciamento de estoques, sistemas de informação, espaço
físico) e externos (transporte e relacionamento com clientes), a fim de
aproveitar este novo mercado, atraindo e fidelizando clientes com mais
uma opção de serviço pós-venda.
Fonte: Site Logistica Decomplicada
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