*Rogério Silva
Max Gehringer escreveu tempos
atrás na Você S.A., manual de consulta indispensável dos estudantes de
administração da minha época, que o adjetivo “inveterado” está mortalmente
ligado ao substantivo “fumante”. Quando sumir da terra o último pitador de
cigarros, exterminado pelas leis antifumo, levará consigo para o túmulo o tal
adjetivo sem personalidade. Pois bem, plagio o velho lobo da administração e
lanço mão do “débil”, cruelmente associado àqueles que nascem com deficiência
cerebral, porcamente apelidados débeis mentais.
O débil é o frágil, sem
musculatura, desprovido de força, em geral arqueado, esguio. Lembro-me de
alguns famosos que nos surpreenderam... Einstein, Irmã Dulce, Jefferson
Peres... E por falar neste último, reconhecido expoente do cenário político
moderno no Brasil, invoco o nome da ex-senadora e ex-ministra do Meio-Ambiente
Marina Silva.
Num país em que a pasta da
Economia domina os noticiários há mais de dois séculos, é complicado comandar
um ministério e ao mesmo tempo defender uma causa tão nobre e, na maioria das
vezes, indigesta frente aos interesses dos poderosos. Durou muito dona Marina.
Bem se via, não coadunava com os esquemas que estão por aí. A débil Marina, coitada... Sem a tal musculatura,
imaginada indispensável para tal tarefa, mexeu com o quadro político em 2010 e ameaçou
gente grande. Diagnosticou em público que o partido no qual militou 20 anos,
não era mais o mesmo e que seus heróis estão a morrer de uma overdose corrupta.
É... A débil Marina, de rosto
magro, pele escurecida, nascida nos confins deste país tupiniquim, mais uma
Silva.
Que débil, que nada!
Admirável mulher.
Tentará pela segunda vez ser
presidente da República? Uma pequenina mulher no comando do Estado Brasileiro?
Sinceramente, pouco importa para
Ela. Investida de coragem, tomou a decisão de não ser conivente com a barbárie
que sempre condenou. Desprovida de vaidade, saiu pela porta da frente de um
Ministério que tem a atenção dos olhos do mundo, mas o desprezo de um governo que
está preocupado com certezas menos nobres.
Marina Silva não é nenhum mártir,
nenhuma epopeia... Não carrega multidões
ao seu redor, não lota estádios ou distribui autógrafos.
É débil, é frágil, é Silva, é
mulher... Marina não é a protagonista do filme de milhões de bilheteria. Talvez
possa ser comparada ao contrarregra que está sempre a postos, de eficácia
invejável e proatividade ímpar. Ela não se importa com isso, com o fato de ser
coadjuvante. Mas ela é a melhor coadjuvante.
Porque nem só de galãs e estrelas sobrevivem os filmes.
Tem a minha admiração todos
aqueles que, assim como Marina Silva, levantam, sacodem a poeira e dão a volta
por cima quantas vezes forem necessárias, quantas vezes a vida lhes exigir
isso, num sucessivo “começar de novo”.
Marina, débil, sem musculatura,
arqueada, frágil.
Marina mulher, ousada, corajosa,
talentosa, dinâmica, moderna, crente em suas convicções, firme nos seus
propósitos, ilimitada de criatividade por ser quem é, como tantas que temos ao
nosso redor.
E querem lhe puxar o tapete, com
a proposta casuística, de dificultar criação de novos partidos, entre eles, a
REDE. Êita Brasilzinho…!
(*)
Rogério Silva tem 41 anos, é jornalista e administrador de empresas. Tem MBA em
Gestão Executiva e Empreendedora, com extensão em liderança. Desde 2007 dirige
as áreas de infraestrutura midiática e jornalismo da Rádio Educadora Jovem Pan
e TV Paranaíba/Record, em Uberlândia, Minas Gerais - Colunista Semanal
do Blogwww.administrandohoje.blogspot.com.br
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