15 maio 2013

Baiano na OMC. Excelência por princípio!




Petrônio Hipólito (*)




Caros leitores, um dos assuntos que dominou o noticiário na semana que passou foi a escolha do embaixador Roberto Azevêdo como o novo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). Nascido em Salvador, tem 55 anos e graduou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília (UNB).

A OMC é o órgão máximo do comercio internacional fundada em 1995, tem 159 países membros e trata da regulamentação e da resolução de conflitos no comércio entre seus associados. Um dos principais conflitos, aquele sobre o livre comércio de bens industriais e de serviços trata, de um lado, sobre a manutenção do protecionismo em subsídios agrícolas para os setores agrícolas nacionais (defendido pelos países desenvolvidos) e do outro sobre o compromisso da liberalização internacional do comércio justo de produtos agrícolas (defendido pelos países em desenvolvimento), continua a ser o principal obstáculo às negociações. 
Estes pontos de discórdia têm impedido qualquer progresso de novas negociações na OMC. Um dos principais objetivos do trabalho da organização é reativar a chamada Rodada Doha que visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento. As conversações centram-se na separação entre os países ricos, desenvolvidos, e os maiores países em desenvolvimento (representados pelo G20). Os subsídios agrícolas são o principal tema de controvérsia nas negociações. Nesse aspecto em particular, a eleição de um representante dos BRICS (acrônimo que se refere aos países membros fundadores: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representa enorme avanço em termos da sensibilidade do brasileiro eleito em relação a temas delicados, em contrapartida ao candidato derrotado, defendido pelos países desenvolvidos (principalmente Estados Unidos e Comunidade Europeia).  -
A OMC tem um papel de fórum de negociação de acordos comerciais entre seus países membros. Não tem poder de mando e sua principal qualidade está na negociação e na resolução de conflitos por um mecanismo chamado de solução de controvérsias. Considero uma dupla vitória a escolha do brasileiro, como já dito, representante de um país em desenvolvimento, grande produtor agrícola e sobre o qual recaem diversas desavenças comerciais, principalmente contra os Estados Unidos. Além da sólida formação do embaixador Azevêdo graduado pelo Itamaraty, uma ilha de excelência na administração federal, tendo prestado duríssimo concurso 30 anos atrás e outros ao longo de sua ascensão dentro do órgão, Azevêdo tem vasta experiência em conflitos comerciais e ganhou reputação de hábil negociador e conciliador. Ele representa a face mais moderna do funcionalismo público brasileiro e um modelo a orientar a presidente na reformulação da máquina estatal. Seria outro país, muito melhor, mais justo e igualitário. Ficamos na expectativa de que a promessa de direcionar os royalties do petróleo integralmente à educação seja cumprida. Essa sim, a verdadeira revolução no país!

Boa semana a todos e até a próxima.

Fonte:
 



 (*) Petrônio Hipólito tem 54 anos, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP. Especializou-se em Gestão de Sustentabilidade e em Administração (CEAG) pela FGV. É palestrante e consultor. Tem sólida experiência em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.


 




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