19 março 2013

Reponsabilidade Social, afinal do quê estamos falando?



* Petrônio Hipólito

Caros leitores, estou iniciando hoje minha participação no blog administrandohoje, honrado com o convite de Karim Midlej Harfush.
Vou escrever para vocês sobre responsabilidade social, seu significado e seus desdobramentos, um tema fascinante e bem atual.
Nos dias de hoje, em nosso mundo altamente competitivo e por isso muitas vezes cruel, a ideia da responsabilidade social se encaixa como um amortecedor entre a atuação do indivíduo e da empresa.
Para entendermos isso direito, vamos falar um pouco de conceitos: a empresa, como foi criada em sua essência, tem a função de produzir bens ou serviços e gerar lucros para seus acionistas. Este é o lado do capital. De outro lado está o trabalhador. Este por sua vez emprega seu conhecimento, ou mesmo a sua mão de obra, trabalhando para a empresa e recebendo em troca um salário. É o lado do trabalho. Assim capital e trabalho relacionam-se formalmente desde o final do século XIX.
No início, e durante uma parte do século XX, com a abundância de recursos naturais e da força de trabalho, a convivência entre capital e trabalho se deu de maneira cordial e pacífica. A oferta de emprego era grande, sempre havia trabalho à espera de quem queria ou podia. O empresário podia produzir à vontade, pois sempre tinha um consumidor à espera de seus bens e serviços. Nesse mundo ideal, com matéria prima farta, a indústria crescente e uma massa de indivíduos cheios de recursos e de disposição para consumir bens e serviços, se desenrolou o cenário da relação harmoniosa entre o capital e o trabalho. A maior motivação da empresa era produzir artigos de qualidade e em grande quantidade, pois havia mercado para toda a produção.

Mas essa união não foi eterna... Com o passar do tempo, um desequilíbrio se deu, provocado por estoques excessivos do lado da indústria, e pela escassez de recursos financeiros do lado do consumidor. Resultou daí uma grave crise nas bolsas de valores e no mercado financeiro, acarretando no enfraquecimento da relação entre capital e trabalho.

Esse desajuste econômico perdurou décadas, até que as empresas e a sociedade amadurecessem seus objetivos e repensassem uma nova  forma de regulação entre o capital e o trabalho. Deste amadurecimento surgiram as bases da responsabilidade social. Assim, como escrevi no inicio do artigo, a responsabilidade social veio agir como um amortecedor, harmonizando as pressões do capital sobre o trabalho e vice-versa. As empresas que tinham como único fim o lucro, deveriam passar a agir visando o desenvolvimento da sociedade. Essa busca pelo bem comum criou um ambiente favorável ao surgimento do arcabouço legal que deu origem aos fundamentos da ética empresarial e boas práticas de cidadania, prevenindo a empresa do alto custo de estoques e a sociedade da falta de recursos para o consumo.

Assim, a empresa que pratica a responsabilidade social e  tem boas práticas trabalhistas, está comprometida  com o trabalhador, como também  com a sociedade de um modo geral, ou seja, preservando o meio ambiente, ao protegê-lo da poluição e contribuindo verdadeiramente para o progresso de uma região. O cidadão, como parte da sociedade, também pratica a responsabilidade social quando vota conscientemente, quando reivindica a contrapartida de sua contribuição em impostos, quando usa os recursos naturais com moderação e respeita a natureza.

Praticar a reponsabilidade social traz portanto diversos benefícios, seja do lado do trabalho: tornando mais justas as relações entre o governo e  sociedade por meio de políticas públicas, e  da promoção da cidadania - através da conscientização de mudanças de hábitos e atitudes em relação aos semelhantes (no trânsito, por exemplo), ou em relação à preservação ambiental. Já do lado do capital os benefícios são apontados em diversos estudos, mostrando que as empresas que utilizam as práticas de responsabilidade social em seus negócios são mais longevas e tem melhor resultado no longo prazo do que outras em sua área de atuação (assunto do próximo artigo no blog). Concluo reforçando a tese de que a prática da responsabilidade social não só aumenta a autoestima da sociedade como também o resultado das empresas. Pratique!

Boa semana a todos e até a próxima terça-feira.

(*) Petrônio Hipólito tem 54 anos, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP. Especializou-se em Gestão de Sustentabilidade e em Administração (CEAG) pela FGV. É palestrante e consultor. Tem sólida experiência em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.
Colunista Semanal do Blog www.administrandohoje.blogspot.com.br

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