28 março 2013

Você faz o que gosta?



*Luana Fernandes
 
Sabe aquela moça do cafezinho do trabalho que ao lhe atender com um largo sorriso no rosto diz:
“– Bom dia! O que o senhor irá beber hoje? O pão de queijo acabou de sair e está uma delícia, o senhor aceita um também?” e que ao sair completa ainda sorrindo “-Tenha uma ótima semana!”. Então, essa moça faz o que gosta. Ela trabalha utilizando o que ela faz de melhor, relacionar-se com pessoas. 

Mas infelizmente quantas pessoas nos atendem com tamanha presteza? Seja em qualquer área ou nível hierárquico, dentistas, vendedores, engenheiros, caixas de supermercado, médicos, médicos veterinários. Quantas pessoas utilizam o que melhor sabem fazer nos seus dia a dia? 

Colaboradores do instituto Gallup, em suas investigações durante 40 anos, fizeram a seguinte pergunta a quase dois milhões de funcionários das 101 maiores companhias do mundo, em 63 países:  Em seu trabalho, você tem a oportunidade de fazer o que de melhor sabe fazer a cada dia? Apenas 20% dos entrevistados responderam que sim. 20% !

Isso significa que os outros 80% não estão utilizando seu talento e consequentemente não estão contribuindo tanto quanto poderiam com a empresa e também com o mundo. Já pensou se fossemos atendidos apenas por pessoas que fazem o que sabem e o que gostam? Já pensou em só saborear a comida de um cozinheiro talentoso, cuidar dos cabelos com cabelereiro talentoso, comprar de um vendedor talentoso e aprender com professores talentosos? Será isso possível? 

A humanidade está na Era do Conhecimento, e nesse contexto o autoconhecimento, reconhecer suas fortalezas, os pontos de melhoria, seus valores, é fundamental para ter reconhecimento no mercado de trabalho. 

Acredito que chegará o momento em que esse trabalho de detectar talentos, será feito ainda nas escolas, para que a pessoa tenha mais tempo para treinar e melhorar sua habilidade.  Pois o maior potencial de uma pessoa esta em suas fortalezas, e são nelas que ela deve focar. 

E você, já parou para pensar em quais são seus talentos? Esta trabalhando com o que realmente gosta de fazer? Qual a contribuição que você deixará para este mundo? Qual o legado que você vai deixar? Pense nisso!  

*Luana Fernandes tem 28 anos, é administradora, personal & business coach e empresária. Tem MBA em Marketing Estratégico pela Faculdade de Gestão e Negócios – FAGEN – UFU em Uberlândia, Minas Gerais. 

O Processo....da vida!

*Luís Fernando Brito de Assis
 
Em um de nossos intermináveis papos, escutei de uma amiga de infância o quanto sou importante na vida dela. Melhor: o quanto os amigos são importantes na nossa vida. E que eles são a nossa família por escolha.

Hoje tive a certeza disso, mais uma vez. E reafirmo: é a mais pura verdade. Não sei como seria viver sem amigos verdadeiros, mas consigo imaginar que deva ser padecer no vazio, no inconsistente. É não ter como compartilhar tanto amor, tanta alegria, tanta tristeza. É não ter alguém para se sentir saudade.



A vida de um advogado é estudar um processo. Processo? Isso! Processo. Pê erre o PRO, cê éssi CE, éssi-éssi ó SSO. Processo que é composto de inúmeros procedimentos. Prazos, prazos, prazos e mais prazos. Isso é um processo. Ou melhor: disso é feito um processo. E garanto, como advogado que sou, que é uma tarefa difícil. Labutar num mundo onde o cliente traz seus problemas, onde o advogado funciona como psicólogo exercendo ilegalmente a profissão. Mas quem disse que para ouvir se precisa de escolaridade? Tarefa difícil, mas o contrário de difícil, para mim, é POSSIVEL.


Ouvir, ouvir, ouvir, aconselhar, conversar ... descobri que como advogado sou um ótimo amigo. Porque aconselho mesmo. E muitas vezes nem cobro, pois o que se quer é apenas ser ouvido,ajudado.



Certa ocasião estava num escritório para o qual trabalhei e atendi uma pessoa. Pessoa mesmo, não cliente. Porque ali entrou um ser humano com frustrações e anseios. Regra número um da Universidade da Vida: não mercantilizar relações. Jamais.

Ela chegou com queixas a respeito da operadora de telefonia, que nunca completava as ligações, que as ligaçoes caiam e blá blá blá blá ...



Deixei falar até sentir seu olhar aliviado. E seu semblante de Paz apareceu, de forma silente que nem ela mesma de deu conta. Emprestei meus ouvidos e ofereci minhas palavras de conforto e, em seguida, ofereci-lhe uma boa água gelada. Naquele calor, impossível se falar sem se refrescar. Após expor o caso, apontei-lhe qual seria a solução possível a ser dada. E percebi mesmo que, como advogado, sou um excelente amigo. Porque sendo Espiritualista como acho que estou sendo (muito embora não acha nada bacana a idéia de rótulos) aprendi que ser bom é bom demais. Aprendi, desde minha infância, na sabedoria de meus pais, que ser bom é legal. Mas que praticar o bem é mais legal ainda. E esse é o processo, mas não o processo judicial, com um juridiquês apurado, onde os egos infla(ma)dos disputam vorazmente a causa. Desse processo eu não faço a menor questão. E falo de peito aberto. Porque como advogado, sou um ótimo amigo.



O processo que me interessa é o da vida. Esse mesmo. O da vida. Aquele aonde os amigos sabem sempre quem você é antes de saber o que você é. E o processo da vida tem prazo: ad infinitum. Pra sempre, porque é para sempre que eu levo meus amigos, aonde quer que eles estejam ou aonde quer que eu esteja.



Da mesma forma que o processo judicial, o processo da vida tem despacho, tem sentença e recurso. Mas apenas os bons "advamigos" sabem quais procedimentos importam realmente, e quais são dispensáveis. Porque amizade de verdade, dispensa o dispensável, mas mantém o essencial. E nada daquela regra de que o acessório acompanha o principal. Porque o principal não tem acessório dentro do processo da vida. O principal é único e não aceita imitações, tão pouco complementos. E é assim que Deus me faz ver meus amigos. Únicos e especiais.



Ah! O caso da pessoa que me procurou se resolveu sem haver a necessidade de um processo judicial. Apenas emprestei meu celular para ela ligar para a filha, que a aconselhou mudar de operadora. Eis o processo da vida, movido pelo simples prazer de amar. Prova de que, como advogado, sou um bom amigo.

(*) Luís Fernando Brito de Assis é Advogado com atuação na esfera Cível e Trabalhista, Professor Universitário e Especialista em Direito Público e Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Escola da Magistratura Trabalhista da 5ª Região e Doutorando em Bioética pela Universidad Del Museo Social Argentino.