11 abril 2013

Como ser um profissional capaz de encantar as empresas?

 O mercado de trabalho está desesperado por profissionais qualificados. Entenda quais são — afinal — as características mais valorizadas e como você pode desenvolvê-las em seu dia a dia.

Luiz de França e Marcia Kedouk, da Você S.A

São Paulo - O mundo enfrenta uma das mais profundas crises financeiras dos últimos tempos, que tem levado a índices alarmantes de desemprego em países como Espanha, Grécia e África do Sul, principalmente entre os mais jovens. Nesses países, mais da metade das pessoas com menos de 24 anos está desempregada. 

No Brasil, embora o quadro seja bem melhor, com uma taxa média de desemprego de 5,5% em 2012, o saldo de vagas com carteira assinada (empregos abertos menos empregos fechados) foi o pior dos últimos três anos.
Paradoxalmente, existe uma fatia do mercado em que sempre há vagas abertas. São os postos destinados a profissionais qualificados. Um estudo da consultoria McKinsey & Company, conduzido com 8 000 empresas, educadores e jovens profissionais em nove países, inclusive o Brasil, verificou que apenas 43% dos empregadores afirmam encontrar candidatos adequados nos níveis iniciais de carreira, e 39% preferem não contratar ninguém a escolher uma pessoa fora do perfil.
No Brasil, 48% das empresas afirmaram seguir esse padrão. A explicação para esses números está no descompasso entre a formação oferecida nas faculdades e o conhecimento exigido pelo mercado de trabalho, o que causa na pessoa o desconforto de nunca se sentir totalmente preparada para um cargo. Um pesadelo que deve continuar.
A pesquisa da McKinsey mostra que apenas 31% das companhias pesquisadas estão engajadas em buscar soluções eficazes com os centros universitários e técnicos. No Brasil, esse número cai para 25%. Uma das autoras do levantamento, Mona Mourshed, é categórica ao dizer para a VOCÊ S/A que não existe interação suficiente entre esses dois lados.
“As organizações que conseguem se comunicar melhor e trocar experiências com universidades são as que não têm problemas em encontrar mão de obra com o perfil que procuram”, diz Mona.
No livro Why Good People Can’t Get Jobs (“Por que boas pessoas não conseguem emprego”), lançado no ano passado nos Estados Unidos e ainda inédito no Brasil, o professor Peter Cappelli, diretor do centro de recursos humanos da escola de negócios Wharton, aponta que parte do problema está nas empresas, que idealizam um candidato perfeito.
Segundo ele, elas querem alguém que preencha todos os requisitos de imediato, sem passar por um treinamento ou um tempo para se qualificar ou se adequar ao novo ambiente. Em sua pesquisa, a McKinsey aponta as 13 características mais valorizadas e menos encontradas pelas companhias — criatividade, ética, comunicação e liderança são algumas delas (veja o quadro O Que as Empresas Buscam).
Com base nesse estudo, a VOCÊ S/A ouviu grandes empresas para saber o que elas, afinal, esperam do profissional e como identificam as capacidades, as habilidades e as atitudes que desejam encontrar. Apesar de o conjunto de competências ser grande, muitos empregadores não abrem mão delas.
“É o essencial para garantir a qualidade dos serviços que prestamos”, diz Paul Fama, vice-presidente de recursos humanos da GE para a América Latina.
O fato é que as empresas aumentam o grau de exigência numa velocidade que a educação formal — superior e técnica — não consegue acompanhar. Além disso, as companhias passaram a ser muito rigorosas com questões comportamentais e valores pessoais, itens que as escolas, em sua imensa maioria, nem pensam oferecer.
“Nossa realidade está mais complexa, especialistas e generalistas já não bastam, procuramos indivíduos capazes de estabelecer conexões entre áreas da organização, que conheçam do negócio, pessoas preparadas para encontrar soluções e gerar resultado”, diz Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian. “Não é fácil.”
Para entender o mercado, você pode usar a velha imagem do copo meio cheio e meio vazio: as oportunidades existem, mas aproveitá-las exigirá um esforço pessoal maior de correr atrás de qualificação. “A forma de enxergar e fazer negócios no Brasil e no mundo mudou, e quem não entender isso fica de fora”, diz Ricardo Garcia, vice-presidente de recursos humanos, tecnologia da informação e relações institucionais da siderúrgica ArcelorMittal Brasil, de Belo Horizonte.
Na visão de alguns especialistas de mercado, como Claudio Garcia, presidente da LHH|DBM para a América Latina, empresa de recolocação e transição de carreira, de São Paulo, as questões de qualificação mais delicadas envolvem liderança, ética e alinhamento com a cultura corporativa. São esses pontos, e não as habilidades técnicas, que estão por trás da maioria das demissões de executivos no país.
“As empresas têm de parar de esperar o profissional pronto, porque ele é muito disputado e pode demorar a surgir”, diz Claudio.
O diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, concorda com a máxima de que a experiência só vem com o tempo e de que somente a prática possibilita dominar as particularidades de um negócio. Mas ele alerta para os desafios da educação. “O Brasil precisa de profissionais qualificados para continuar crescendo.”

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