16 abril 2013

A apertada eleição de Maduro na Venezuela e o desenvolvimento.



 * Petrônio Hipólito
Caros leitores, escrevo sobre um dos assuntos mais comentados da semana, bastante relacionado com o conceito da responsabilidade social e que tem tudo a ver com o nosso país.

A Venezuela, nosso vizinho ao norte é a 34ª economia do planeta (Brasil é a 8ª) e tem as maiores reservas de petróleo do mundo (296 bilhões de barris) e por isso uma importância geopolítica fundamental. 

No domingo, dia 14, as urnas confirmaram o favoritismo de Nicolás Maduro, eleito presidente da Republica Bolivariana da Venezuela, nome oficial do país, para governar até 2019. Em pleito apertado, ao contrário das primeiras previsões, o CNE, órgão eleitoral da Venezuela, contou a Maduro cerca de 250 mil votos (1,8%) a mais que seu opositor Henrique Capriles. O alto comparecimento às urnas (78%), já que o voto não é obrigatório no país, evidencia o interesse da população nos destinos da nação. No entanto, a pequena margem na vitória fortalece a oposição e traz uma enorme instabilidade ao novo governante. Num país de tradição golpista, Capriles poderá, pela via democrática, convocar um plebiscito em três anos. Até lá, o novo presidente terá de contentar aos partidários de Chávez, negociar com a oposição, reativar a economia e fazer valer a frágil democracia num país tão importante e estrategicamente colocado no cenário mundial.

Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez que foi um líder carismático, populista e governou o país por 13 anos até sua morte em 5 de março de 2013, terá a difícil missão de continuar a revolução bolivariana liderada por seu antecessor e consolidar os ganhos sociais conquistados como, por exemplo, ter tirado milhões da linha da pobreza e ser o país que mais reduziu o índice GINI na década. Isso merece um detalhamento. O índice, criado em 1912 pelo estatístico italiano Corrado Gini é uma medida de desigualdade utilizada para avaliar a distribuição de renda nos países. Este varia de 0 a 1, onde o valor zero corresponde à igualdade de renda por todos os cidadãos e o valor um significa que somente uma pessoa concentra toda a renda do país, não sobrando nada para os demais. 

Portanto quanto menor o índice, mais igualitário em termos econômicos é o país. A Venezuela (0,45) tem menos desigualdades que o Brasil (0,55) e mais que a Noruega (0,26) e Alemanha (0,28). A canalização dos recursos do petróleo para a diminuição do abismo social na Venezuela foi a base da popularidade de Chávez e o mote de seu governo. Cabe ao novo presidente diminuir a dependência e a influência do petróleo na economia, fomentar o crescimento econômico e os níveis de renda para abaixar ainda mais o índice GINI e garantir a perenidade dos ganhos sociais conseguidos por Chávez. Penso que a palavra desenvolvimento se encaixa bem no novo cenário democrático Venezuelano. Para governar, Maduro terá que criar identidade própria sem se desvincular do passado,  assumindo uma nova liderança compatível com a grandeza que o destino lhe colocou nas mãos.

Do lado de cá, temos um país com reservas estimadas na camada pré-sal de 100 bilhões de barris de petróleo que irá arrecadar, quando de seu processamento, recursos valiosos para promover o crescimento do país, elevar os níveis de educação, acabar com a miséria e aumentar a renda da população. Cabe aos nossos governantes assegurar o papel do Brasil como líder continental.

Boa semana a todos e até a próxima terça-feira.


(*) Petrônio Hipólito tem 54 anos, é engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP. Especializou-se em Gestão de Sustentabilidade e em Administração (CEAG) pela FGV. É palestrante e consultor. Tem sólida experiência em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.
Colunista Semanal do Blog www.administrandohoje.blogspot.com.br
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário